A nossa meio compatriota Susete Antão, a quem o MPLA incumbiu de classificar os angolanos por percentagens, não completou o frete.
Por Graça Campos (*)
No raciocínio que defendeu sexta-feira no Política no Feminino, Susete Antão deixou claro que o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, não é 100% angolano porque também é titular de nacionalidade portuguesa – é público que o homem já renunciou à nacionalidade lusa.
Ela própria também meia angolana, já que metade da costela é portuguesa, Susete Antão não explicou em que percentagem os mestiços, descendentes directos de brancos portugueses e outros, são angolanos.
Para a completa clarificação do assunto, faz-se urgente que a nossa meia compatriota, que anda fugida de Portugal, explique em que percentagem auxiliares do Titular do Poder Executivo como Carolina Cerqueira (ministra de Estado para os Assuntos Sociais), Francisco Queirós (ministro da Justiça e dos Direitos Humanos), Marcy Lopes (ministro da Administração e Reforma do Estado), Luísa Grilo (ministra da Educação), Teresa Dias (ministra da Administração Pública, Emprego e Segurança Social), Diamantino de Azevedo (ministro dos Recursos Minerais e Petróleos), Manuel Tavares (ministro das Obras Públicas e Ordenamento do Território) são angolanos e portugueses. O mesmo é extensivo para os oficiais generais das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional.
De acordo com os critérios da meia compatriota, os únicos casos que não se prestam a dúvidas serão os dos ministros da Energia e Águas e do Comércio e Indústria. João Baptista Borges e Victor Fernandes têm dupla nacionalidade: lusa e angolana. Portanto, são metade aqui e metade lá.
Como o Bureau Político bem diz no seu comunicado, “queremos” saber quem são os “cidadãos estrangeiros” que, “sem escrúpulos executam uma agenda política contrária aos interesses de Angola e dos angolanos”.
Para a plena divisão de águas, é preciso que Susete Antão e quem a industriou terminem o que (mal) começaram.
Os cidadãos precisam de ter certezas sobre os seus governantes. Precisam de saber em que percentagem o ministro tal é 100% angolano, ministro y é 53% português, e ministro x é 25% zairense, etc. etc..
Quando demanda um serviço público, o cidadão tem de saber por quem será atendido. Se por um igual, um meio angolano, um maioritariamente português e por aí adiante. Para facilitar a tarefa, é melhor que a sem hora Susete Antão comece já a providenciar adesivos e pulseiras que classifiquem os angolanos por percentagem da sua originalidade.
(*) Texto publicado no dia 8 de Fevereiro de 2021 no Correio Angolense
Notas do F8. A imagem é escolha exclusivamente nossa. Na procura de uma foto para ilustrar o texto, não encontramos um “Equus asinus” (com penas) e por isso… Regra geral os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8. Esta é uma excepção a essa regra.
Atenção: O que está acontecer no MYANMAR, provavelmente para o MPLA será um exemplo a seguir.
Shutdown à internet, cadeia para os lideres da oposição e seus sequazes.
De forma sub-reptícia, o MPLA está implorar ao povo angola no sentido de lhe conceder mais 200 anos no poder para fazer tudo aquilo que não fez em 45 anos, e que é possível fazer em 4 anos.
1-Angolanos, não aceitem serem coagidos a aprender a viver sem comer!
2-Não se resignem de lutar e reivindicar o que por de direito vos pertence!
3-Estejamos preparados para não embarcarmos no engodo que o pais assistiu em 1992, perante uma iminente falta de autoconfiança do MPLA, em face da orientação do sentido do voto da juventude angolana, tal como eu sou.
Saudações para todos
” Não é realista e justo pensar-se que, em apenas 45 anos, os sucessivos governos de Angola independente já deveriam ter feito a correção dessas assimetrias, o que os portugueses foram incapazes de corrigir durante mais de cinco séculos. Roma e Pavia não se fizeram num dia”.